quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Primeiro post...

Mais uma vez a depressão me assalta.  Sinto o peito oprimir e, antes de engolir qualquer droga pra tirar de mim a dor e preencher o vazio, prefiro escrever para registrar e tentar, assim, me convencer de que essa sensação é que é irregular e incômoda, não o normal de minha vida, como às vezes parece.
São tão freqüentes e intensas as minhas crises, que quase me convencem de que eu SOU deprimida e estar bem é a exceção, a condição que deveria ser combatida.  Até porque, em alguns casos em que meu humor vai a 100 é também sinal de perigo, mais uma das muitas faces dessa silenciosa inimiga com a qual convivo desde sempre.
Sinto-me sozinha neste momento. Apesar de estar entre pessoas que gosto, me sinto terrivelmente só, isolada.
Não sei descrever a depressão como uma tristeza, como as outras pessoas geralmente a descrevem.  Na verdade, não me sinto triste.  É como um vácuo, uma lacuna em tudo. Tirando a dor no peito e a pressão na nuca, todo o resto é um vazio infinito, onde não há sentimentos. 
Vivo sempre conduzida pela minha razão, e não pelas emoções que, naturalmente, deveriam reger meus instintos para me agarrar à vida.  Não tentaria a morte. Não a desejo.  Não sinto vontade dela.  Também não sinto vontade de vida.  Daí a necessidade de me agarrar ao que me parece mais racional para continuar vivendo. Tenho plena consciência de que preciso permanecer viva para terminar de criar o meu filho, educá-lo, instruí-lo no que for de minha competência materna.  Sei que não posso morrer agora. Pelo menos, não por vontade própria, porque o meu marido não daria conta de cuidar do pequeno, da casa, das contas, de si mesmo – com tantas tarefas a cumprir.  É isso que me mantém viva, que me dá o impulso de caminhar todos os dias de casa para o trabalho e deste para casa, e que me faz engolir alguns comprimidos, de vez em quando, pra me fazer sentir um pouco de paz, combater a angústia.
De resto, se hoje me faltasse o meu filho, com absoluta certeza me faltaria também o estímulo racional de me preservar.  Porque até certo ponto ele ainda depende de mim. Mas meu marido, pessoalmente, não. Ficaria muito bem se eu não estivesse. Não sou o que se pode chamar de “indispensável”.
Pergunto-me:  quando eu der o meu trabalho de mãe como concluído, quando eu vir o meu menino já crescido, com independência e altivez, trabalhando, construindo sua própria família, onde buscarei forças, coragem e essa NECESSIDADE para continuar vivendo?
Quanto tempo ainda tenho?  Não sei.  Não muito, eu creio.  Minha razão de viver já está adolescente, logo será um homem feito e não precisará mais da minha mão, quando tiver pesadelos no meio da noite.
Minha vida precisa ser minha. Preciso desejá-la.  Sem drogas, sem dependências, sem razões. Simplesmente desejar. 
Estar viva por obrigação é muito cansativo!
Bastaria para mim, hoje, querer a vida como sinto vontade de tomar um sorvete numa tarde de verão...

DePrê =(
Jun 9, 2010  -  7:30am

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