terça-feira, 30 de outubro de 2012

Suicida

Ontem meu pensamento viajou por caminhos assustadores!  
Pensei muito em não estar mais aqui.  Em matar o que me faz sofrer, matando-me a mim.  Ou, falando ainda mais precisamente, deixando-me morrer.  Matar o problema, deixando-me morrer.  Era assim que eu pensava. 
Essa sensação de angústia sufoca, incomoda, espreme a vida por entre minhas carnes.  Mas, sobretudo, ela dói.  De algum modo, dentro da minha cabeça algo dói, algo parece estar ferido.  Conheço a dor assim, como algo que sobrepõe a lógica do físico, do corporal.  Algo dói uma dor tão íntima, que outros diriam não ser dor, pra tentar nomear diferente.  Mas não tem outro nome: é dor, mesmo.
Ainda está doendo. Meu peito oprimido. Meu coração move-se dentro dele, me fazendo perceber sua vibração.  Não está discreto e integrado a mim, como no padrão cotidiano.  É como um ser à parte, movendo-se, empurrando-se de dentro para fora, forçando as paredes à sua volta, como bicho lutando para fugir de uma armadilha.  Meu coração quer sair do meu peito, talvez porque também sinta-se sufocado dentro dele.  Quer partir, fugir, respirar, libertar-se.  Quer viver.  Longe da dor.
Ser à parte, meu coração não parece se importar se eu dependo dele para viver. Simplesmente quer partir, sair do lugar que lhe oprime.
Hoje a dor me permite escrever, ao menos.  É um sinal que eu chamaria de positivo, porque significa que quero algo que não seja desistir de mim. Quero algo diferente de deixar-me morrer para, assim, tentar matar a dor.
— Escrever ajuda?  
Não sei.  Antes eu pensava que ajudava, então escrevia bastante, sempre que o sofrimento me acuava.  Hoje não tenho mais do que dúvidas sobre isso.  Mesmo assim, escrevo.  De vez em quando, faço uma tentativa de narrar o que sinto, como quem tenta abrir uma janela para respirar.  Se a janela não abre, ao menos a sensação de ver o lado de fora pelo vidro já parece amenizar a falta de ar.
O desejo de não ser, para que o problema também não mais seja, persiste.  Menos intenso do que ontem.  Mas existe.  Inegável.
Vontade de extinção, de zerar, de apagar, de nunca ter sido.
Vontade de suicídio.  De inexistência. 
Engraçado como uma dor muito intensa me faz pensar atravessado:  se fosse uma dorzinha, menos esmagadora, me faria querer acabar com ela; uma dor maior do que eu, no entanto, me faz querer acabar comigo mesma.
Alguém em quem a dor já habitou e que sobreviveu a ela, por favor me ajude a encontrar uma saída.  Se é que há saídas...

DePrê  =(
Oct 30, 2012 - 9:23 a.m.

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