domingo, 29 de julho de 2012

Maldita química, de novo!

Queria xingar, dizer tudo o que sinto, para esvaziar-me dessa coisa que mora em mim e que frequentemente desperta, feito um monstro horroroso, assustador... Queria poder, com palavras, jogar para fora do meu peito essa angústia que me aniquila, acabar com a dor, o incômodo.  Queria que o som da minha voz fosse capaz de me fazer exalar definitiva e totalmente esse gás tóxico que me envenena a alma.
Que sensação ruim é essa, que se espalha em meu corpo e me dá essa des-vontade?  Sinto desejo de não ser, de não existir, de voltar no tempo ao instante anterior ao despejar dessa substância maldita, que intoxica meu organismo e que me sufoca. 
Estava distraída, conversando bobagens. Preparava um prato com arroz e strogonoff, sobras do almoço, salivando de vontade. Comecei a comer, ainda rindo. Foi quando, entre um garfo e outro, a descarga dessa merda que não sei o nome começou a se espalhar de cima para baixo, mudando até o gosto da comida. Num instante, salivando; no momento seguinte, mal conseguia mastigar aquela porção sem sabor, e engolir a comida foi um esforço, um sacrifício que fiz porque minha razão ainda resiste às emoções negativas.
Não digo que sinto vontade de morrer. Nem isso me instiga. Só queria poder congelar o tempo, ficar inerte consumindo essa angústia, me alimentando dela, inexistindo sem precisar da morte para isso.  É o que chamo de des-vontade.
Que raio de neurotransmissor é esse que sobra, me causando tristeza, ou que porcaria de recaptador devora tão subitamente minhas sensações de bem-estar? Gostaria de encontrar um cientista, mesmo que fosse para me fazer sua "cobaia", mas que me dissesse com exatidão o que acontece dentro do meu cérebro e que me faz sentir tanta coisa ruim... 
Tudo muda em um segundo.  E eu me pergunto até quando vou suportar o lamaçal, sem atitudes perigosas. Tenho muito medo disso. Tenho medo de mim mesma na insanidade da depressão, porque conheço-me nos meus poucos momentos de normalidade, quando consigo até gostar da pessoa que sou. E também conheço a dos picos de euforia, que não chega a ser má, embora de vez em quando apronte. Temo que essa personalidade taciturna que surge na angústia desfira golpes contra o corpo que abriga as outras, a do equilíbrio e a do superavit, que me fazem valer a pena. Um dia, depois de uma dessas crises, tentarei acordar na normalidade ou mesmo no alto da montanha-russa, e não mais poderei. É uma possibilidade que esse monstro devorador me mostra, me afundando de temor. 
Minha respiração fica comprometida, parece que meus pulmões se contraem, diminuindo o volume do que consigo inalar; meu esôfago também fica mais estreito, dificultando a deglutição dos alimentos, mesmo líquidos; meu corpo todo fica fraco, minhas energias parecem sair de mim pelos poros; meu peito dói.
Como é incômodo sentir isso!  Como a angústia é desesperadora! Sinto o hálito da morte sobre minha pele... 
Não sei mais o que escrever.  Palavras não arrancam de mim a dor, mas a dor arranca de mim as palavras. Transforma-as em inúteis construções, nas quais não consigo sentir abrigo. 
Como eu gostaria que um xingamento ou mesmo uma lágrima pudesse levar consigo a angústia...


DePrê  =(
July 29, 2012 - 10:11 p.m.

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